Sabe como a Euribor pode influenciar o seu crédito habitação? Conheça as tendências futuras do mercado e descubra como diminuir as incertezas e riscos.
Quais as tendências futuras da Euribor e os seus impactos no crédito habitação?
No cenário financeiro em constante evolução, compreender as tendências futuras é crucial para tomar decisões informadas. A Euribor, um índice de referência utilizado em empréstimos hipotecários, desempenha um papel fundamental na vida financeira dos portugueses.
Mas, embora seja amplamente abordada, muitos ainda não compreendem o que é e por que é tão importante para o crédito habitação.
Por isso, vamos esclarecer essas questões, desvendando o que exatamente a Euribor representa e por que é relevante para a sua carteira. Além disso, exploraremos as tendências históricas e previsões para a Euribor, para o ajudar a preparar-se para as oscilações do mercado.
Venha conhecer a Euribor e analisar o seu impacto nas suas finanças!
O que é a Euribor?
Quais as tendências futuras da Euribor e os seus impactos no crédito habitação?
O Euro Interbank Offered Rate (“Taxa de Oferta Interbancária em Euros”, em português) é um índice de referência fundamental para empréstimos hipotecários na Europa. Esta taxa é calculada com base na média dos juros praticados por um grupo de bancos na Zona Euro, nos empréstimos que concedem entre si, num determinado prazo.
O valor da Euribor é determinado diariamente pela Federação Europeia de Bancos, da qual a Caixa Geral de Depósitos é o único representante nacional. Para isso, são excluídas 15% das taxas mais altas e 15% das mais baixas.
Além do crédito habitação, a Euribor também é utilizada como referência nos instrumentos de taxa de juro, como obrigações. Embora a Euribor seja referida como uma taxa única, esta abrange cinco taxas com prazos distintos: uma semana, um mês, três, seis, e 12 meses.
Qual deve escolher: Euribor a 3, 6 ou 12 meses?
Os prazos mais comuns no crédito habitação são de 3, 6 e 12 meses, e a sua escolha tem implicações diretas na mensalidade da prestação. O motivo é simples: o prazo determina a frequência de atualização da taxa de juro do empréstimo.
Optar por um crédito indexado à Euribor a 3 meses significa que o banco irá rever o valor da taxa trimestralmente. Com a Euribor a 6 meses, a revisão será semestral, e a 12 meses será anualmente.
Ao negociar um crédito habitação, note que os prazos mais curtos (3 e 6 meses) oferecem valores iniciais mais baixos, mas respondem mais rapidamente às oscilações. No atual cenário de tendência de aumento das taxas, a sua prestação mensal pode crescer a cada 3 ou 6 meses.
Por outro lado, a Euribor a 12 meses oferece maior estabilidade, mas também apresenta taxas iniciais mais elevadas, funcionando como um prémio pela previsibilidade. Portanto, a escolha do prazo deve levar em conta a sua preferência ao risco e estabilidade financeira.
O que influencia as taxas Euribor?
Embora o Banco Central Europeu (BCE) seja o responsável pelo anúncio da taxa Euribor como indexante fundamental, é importante destacar que o valor não é fixo e não depende exclusivamente do BCE. A Euribor é influenciada por uma série de fatores, incluindo:
- Taxa de juros estabelecida pelo Banco Central Europeu: A Euribor é fortemente influenciada pela política monetária do BCE. Quando o BCE aumenta ou diminui a taxa de juros de referência, isso reflete-se na Euribor praticada pelos bancos, impactando diretamente os juros dos empréstimos. O BCE utiliza esta ferramenta para controlar a inflação e estimular o crescimento económico da Zona Euro.
- Volatilidade do mercado: A volatilidade nos mercados financeiros, especialmente nos mercados interbancários, pode fazer com que os bancos se tornem mais cautelosos em emprestar dinheiro uns aos outros. Isto pode levar a taxas Euribor mais altas, como medida de proteção dos seus interesses.
- Recuperação económica pós-pandemia: Durante períodos de recuperação económica, a confiança dos bancos no mercado financeiro melhora, o que pode resultar em taxas Euribor mais baixas, uma vez que os bancos sentem-se mais seguros nos créditos interbancários. Por outro lado, em períodos de recessão, a Euribor tende a subir à medida que a aversão ao risco cresce, tornando o crédito mais caro e difícil de obter.
- Inflação: Quando a inflação está alta, os bancos podem aumentar as taxas Euribor para compensar a perda de poder de compra do dinheiro. Por outro lado, num ambiente de baixa inflação, as taxas Euribor tendem a ser mais baixas, pois os bancos não precisam de uma compensação tão substancial pelo valor do dinheiro.
Além destes fatores, outros elementos, como a política fiscal e os níveis de endividamento público e privado, também podem influenciar a Euribor. Portanto, é fundamental acompanhar a atualidade para tentar perceber a previsão da Euribor e tomar decisões informadas.
Compreender as tendências históricas das taxas Euribor
Ao longo dos anos, as taxas de Euribor passaram por altos e baixos, refletindo as oscilações económicas e financeiras.
Os primeiros anos da Euribor, em 1999 e 2000, registaram taxas que flutuaram notavelmente, culminando em novembro de 2000: 5,1%. A partir daí, uma trajetória descendente começou e continuou até 2004. Porém, desde o final de 2005, as taxas Euribor retomaram a tendência de subida, atingindo picos históricos em 2008, próximos de 5,5%.
Os anos seguintes presenciaram uma intervenção substancial dos bancos centrais para combater a crise. O BCE rapidamente reduziu as taxas de juros, levando a uma queda abrupta nas taxas Euribor. De um pico de 5,5% em outubro de 2008, a Euribor caiu para cerca de 1% um ano depois.
Posteriormente, registaram-se subidas ligeiras até que a crise atingiu a Europa em 2011. O BCE voltou a agir e a reduzir os juros de referência, o que culminou com a Euribor em valores negativos em 2015. Desde 2016 que as taxas permaneceram predominantemente negativas, apenas voltaram a valores positivos recentemente.
Qual a situação atual das taxas Euribor?
A Euribor começou a subir a partir de fevereiro de 2022, devido ao aumento da inflação na Zona Euro, à guerra na Ucrânia e à subida das taxas de juro nos Estados Unidos. Desde então, a taxa Euribor a 12 meses, que é a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação com taxa variável, já atingiu um novo máximo 4,228%.
Qual a previsão da Euribor para os próximos anos?
As tendências da Euribor para o futuro são uma fonte de preocupação para quem possui empréstimos na Zona Euro. Embora seja difícil prever com precisão como as taxas de Euribor se irão comportar nos próximos anos, é importante considerar possíveis cenários com base nas últimas projeções.
Atualmente, a Euribor encontra-se nos 4% e as perspetivas apontam que o BCE eleve novamente a taxa de juro diretora até ao final do ano. Como resultado, é razoável antecipar que a Euribor possa aproximar-se dos 4,5% até ao término de 2023.
Enquanto alguns analistas sugerem que janeiro de 2024 poderá marcar o pico da Euribor, paira a incerteza sobre se ultrapassará os 4,5%. A partir de janeiro, especialistas preveem que as várias taxas Euribor começarão a diminuir. Embora devam descer abaixo dos 4%, em 2024 e 2025, é provável que se mantenham em torno dos 3,5%, seguindo uma tendência de descida contínua até possivelmente atingir 2,75% em 2026, permanecendo nesse patamar, com algumas flutuações, até 2030.
No entanto, diferentes fontes divergem nas estimativas, com alguns prevendo taxas mais elevadas, como o Bankinter, que antecipa que a Euribor a 12 meses permanecerá acima de 3% durante três anos, enquanto outras instituições, como a Funcas e o BBVA Research, projetam médias anuais ainda mais elevadas, acima de 4%.
Contudo, é crucial lembrar que são previsões. Mas, ainda assim, estas incertezas tornam essencial um planeamento cuidadoso e a consideração de diferentes cenários.